domingo, 4 de setembro de 2011

A epidemia silenciosa


Sempre fui daquelas pessoas que acham alguns clichês até interessantes, pelo fato de que eles nunca saem de moda. Estão sempre na vitrine. É como aquele sapato velho, mas que ainda é confortável; ou como aquela roupa que é herdada através das gerações. Mas o que há em comum entre eles? São antigos, ultrapassados, mas ainda possuem um valor inegável; são úteis de alguma forma. E só para ilustrar, aqui vai um dos meus clichês favoritos, que diz assim: “Há males que vem para o bem”. E este eu uso com bastante frequência, para o deleite do meu lado convencional. Mas há outro que acho que casa perfeitamente bem com este, e que diz assim: “O pior cego é aquele que não quer ver”. Porém, assuntos arqueológicos à parte, o meu intento também não é montar uma linha do tempo de ditos populares.
Antes disso, o norte da minha bússola aponta para um perigo silencioso. Uma epidemia que se dissemina de forma muito sutil. E dizem os rumores que uma das principais sequelas pode ser a falta de crítica. Mas e qual o nome deste vilão? É o vírus da falta de consciência. Altamente contagioso e se manifestando de diversas maneiras, estando em constante mutação. Por ironia do destino, um dos focos de maior incidência é o setor da saúde. E com um alto poder de alcance, abarca desde as esferas municipais até a federal. Assim como em todas as patologias apresenta alguns sintomas característicos, entre os quais destacamos a burocratização, a institucionalização, a falta de assistência, e o mais grave de todos; o descaso. O ponto positivo é que o prognóstico pode vir a ser favorável, caso algumas medidas sejam adotadas. Podemos destacar: uma jornada de trabalho compatível com as atribuições e vencimentos, além de mais investimentos em infraestrutura e treinamento. Como prevenção sugere-se a prática da humanidade, de forma irrestrita. Respeito, consideração e boa vontade. A matéria prima para a fabricação do antídoto. Mas diante do meu estado levemente febril, depois do contato com este vírus, é que percebi que este desconforto me fez enxergar a dimensão do problema. O pior de tudo é que ainda há gente que acha que tem imunidade suficiente para tudo, ou seja, que não tem absolutamente nada a ver com isto. O laboratório que fabrica a vacina chama-se SUS, o qual tem como principais fármacos patenteados a humanização, a integralidade, a igualdade e a universalidade. São velhos conhecidos tanto dos senhores feudais quanto dos vassalos do reino da saúde. E hoje, quem sabe, até uma terra de ninguém.
Mas e o que isto tem a ver com sapatos e roupas velhas? Em ambos os casos há recursos que podem ou não ser aproveitados. Tudo depende da forma como vemos a situação. Depende da disposição em aprender ou não com os erros, ou simplesmente continuar agindo da mesma forma e esperando resultados diferentes. Eis então que retornamos às parábolas acima. Mas e se você estiver se perguntando: “Mas e o vírus, o que fazer para dissipá-lo?” A resposta é simples: Faça a sua parte. Não tente ignorar uma vez infectado. Não seja como o pior tipo de cego. Grite, esbraveje, proteste. 

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