sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Sobre guerras, revoluções e contradições

Estamos em setembro. O calendário já parece curto. O tempo voa ao ritmo do bom e velho Minuano. Esta entidade da natureza tipicamente gaudéria. É o mês da pátria. Mês da independência. E claro, da semana Farroupilha. O dia 20 de setembro está próximo, mais uma vez. Para celebrarmos esta data histórica tão importante na vida de nós gaúchos. Tempo de alçar bandeiras, de estufar o peito e bradar aos quatro cantos do mundo o orgulho de ser brasileiro e gaúcho! Mas cuidado. Não nos esqueçamos disto nos outros 364 dias restantes. Nunca é demais lembrar, afinal de contas, há os vícios de memória... O fato é que não vivemos apenas de glórias. Esses dias ecoam através dos tempos. Perpetuam-se por si só. Mas sem os dias restantes, em que se seguem o cultivo das sementes, não chegamos aos frutos. Toda a coroação também tem o seu preço. Todo fruto tem o seu sabor; amargo, azedo, doce, agridoce. E muito depende do terreno onde se planta.
Uma vez mexendo no terreno fértil da memória, não poderia deixar de mencionar o fatídico 11 de setembro. Data esta que já está inscrita em nossa geografia psíquica. Pois neste último domingo, completaram-se 10 anos do ataque terrorista ao imponente World Trade Center nos EUA, o qual culminou na queda das Torres Gêmeas e, consequentemente, na perda de centenas de vidas. Para alguns, uma surpresa ; catástrofe inominável. Para outros, um amargo desfecho de uma sucessão de fatos. Mas questões e opiniões políticas à parte, nada justifica tamanha brutalidade. E isso tudo em nome de que? Poder? Política? Religião? Uma luta sangrenta e sem sentido por um único Deus. A procura pela redenção se transfigura na origem do mal. E assim segue o pêndulo da vida, oscilando entre a dor e a revolta, entre o orgulho e a glória. As guerras, as revoluções, atentados terroristas, amparados sob os mais variados motivos. Pretextos convincentes. Mérito daqueles que os vendem como produtos naturais de conflitos de interesses exclusos. Vivemos em tempos de revolução. As capas de revistas e jornais são uma vitrine de assuntos bombásticos; com o perdão da redundância. Mais recentemente, tivemos movimentos libertários nas nações muçulmanas, começando pela Tunísia. Depois, estendendo-se a  locais como Egito e Líbia. As batalhas nunca cessam. Garantia de assunto para os livros de história.
Mas há outras revoluções mais silenciosas e, talvez por isto, nem tão lembradas; ou será que não seriam tão importantes? São aquelas revoluções que não mobilizam grandes massas; onde não há tiros e nem sague; a liberdade não está ameaçada. Porém, nos ferem de outras formas, e sem percebermos de imediato. Afinal de contas, quantas passeatas, quantos protestos não vemos no dia-a-dia ao andar pela cidade? Centrais sindicais, movimentos pelos direitos da mulheres, contra a corrupção na política, pela liberdade de expressão dos homossexuais, ONGs, enfim; uma gama de batalhas. Todas revoluções municiadas apenas de palavras e de uma boa dose de idealismo. E nem por isto, são menos eficazes e menos importantes do que as outras. Talvez, se fôssemos mais capazes de resolvermos estas questões do cotidiano, pudéssemos evitar repercussões maiores e mais danosas. E falando em termos de Brasil, uma das grandes revoluções que nos deparamos é a da educação. Talvez, uma das necessidades mais básicas enquanto sociedade. Enquanto um país que almeja uma condição de respeito entre as demais nações.
Esta semana foi divulgada uma lista de desempenho das escolas no último ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), o qual tem fornecido vagas em cursos superiores de várias universidades do país. No resultado, uma notícia surpreendente; mas muito positiva: Entre as dez melhores escolas, duas delas são do estado do Piauí. Ora, justamente um estado que localiza-se em uma região historicamente despossuída de maiores recursos e investimentos por parte da união. Um excelente exemplo de dedicação, entrega e superação. Uma guerra quase que ideal, onde há apenas vitoriosos. Mas feita de guerreiros vivendo no anonimato. Heróis de nomes simples em meio à multidão. Cidadãos comuns, como eu e você. 

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