sábado, 24 de setembro de 2011

No ritmo do Rock

Se há algo que inevitavelmente prende a minha atenção, isto é a música. Melhor dizendo, algo que atiça a curiosidade do nobre sentido da audição. Bastam apenas algumas notas para que se estabeleça a conexão mais precisa; ouvidos, coração e imaginação. Música não é apenas entretenimento, tampouco um simples produto. É arte. É a expressão do sentimento através de instrumentos. Acordes, harmonias e ritmos não são meramente sons ou combinações entre si. É simplesmente outra língua. Música é aquilo o que atinge não apenas a superfície; os seus ouvidos. Música é o que ressoa em nosso interior. É o que mexe com todo o restante. Ela está além de você. Ela transcende. Ao menos, esta é a minha concepção do que é música.
E aproveitando o momento, nada mais oportuno do que citar algo que meus ouvidos, automaticamente, não podem deixar de captar. Trata-se de um dos maiores eventos de música do mundo. E, apesar da obviedade, se você ainda desconfia; me refiro ao Rock In Rio 2011. Certamente, mesmo quem torce o nariz ao ouvir a palavra “Rock”, sabe do que se trata. Isto nos dá uma idéia da dimensão do evento. Mesmo os que não eram nascidos, ou eram muito pequenos na época, muito provavelmente, já ouviram muitas histórias em torno deste grande evento. Apresentações memoráveis e fatos curiosos. Sendo que, eu mesmo, me incluo neste grupo. No Rock In Rio de 1985 ainda não era nascido. No entanto, alguns meses depois, cheguei a este mundo de mala e cuia. O que eu, e nem a minha família sabíamos, é que me converteria em um amante incondicional do Rock. E isto começou por volta dos 10 anos. E o mais curioso de tudo é que na minha genealogia não havia a “quem puxar” neste aspecto. Sendo assim, vocês podem imaginar a incompreensão e o certo preconceito a que estava fadado nos anos vindouros. Mas então, veio a adolescência. E junto com ela, começou a nascer a paixão pelo meu estilo de Rock preferido até hoje; o Heavy Metal. Desnecessário citar Iron Maiden e Metallica no meu currículo de “headbanger”.
Mas, ao longo desta trajetória como rockeiro comecei a notar que as pessoas nutriam muitos preconceitos em relação a quem se dizia fã deste gênero musical. Uma perseguição constante, quase como uma nova inquisição. Afinal de contas, quem já não ouviu as célebres frases: “isto é só barulho”, “isto é coisa de louco” ou “isto é música do diabo”. E então, se identificaram? Se você, assim como eu, curte Rock´n Roll; aposto que sim. É uma luta árdua, pois por mais que você tente provar que não é nada disto, e que tudo isto não tem o menor fundamento; não adianta. Talvez, apenas sendo rockeiro você compreenda. Pelo menos, é bom saber que não estamos sozinhos neste sentido. Optar pelo Rock não é, e nunca foi uma escolha de vida das mais fáceis. Mas se há algo que me parece contraditório é colocar músicos como Rihanna, Katy Perry, Ivete Sangalo, entre tantos outros, para uma exibição em um evento chamado ROCK IN RIO. Considerando-se o fato de que, em teoria, seria um evento voltado para aqueles que apreciam o Rock, chega a ser uma falta de respeito. Não digo isto apenas pelo público, o qual sabe exatamente o que espera ouvir, mas também aos que se apresentam e não tem nada a ver com o contexto. Exposição desnecessária e que já gerou muitos contratempos e episódios dignos de serem esquecidos. É claro que o respeito é algo primordial e questão de educação. Mas o Rock, ritmo que já não tem tanto espaço na grande mídia, é cada vez mais deixado para segundo plano.
Diante disto, me pergunto: Qual o objetivo de fazer um evento de Rock, destinado ao público que gosta de Rock, e estar repleto de apresentações de música Pop? Sugiro que modifiquem o nome do evento, talvez para Pop In Rio. Parece mais adequado. Imagino como seria estranho se reeditassem outro evento célebre do gênero; o lendário Woodstock. Já imaginaram um Woodstock com Jay-Z, Snoop Dog e 50 Cent? Surreal não? Pois é... Mas longe de ser um Xiita musical, o que defendo não é o purismo ou superioridade do Rock; antes disso, a coerência. E para finalizar, deixo um vídeo do Youtube, chamado “A Headbanger´s Journey”. Trata-se de um documentário com uma visão Antropológica a respeito do Heavy Metal. Quem estiver disposto assista, pois vai aprender muito e, quem sabe, entender o que é o Metal.  

http://www.youtube.com/watch?v=5WMmz9-OlVA&feature=related

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Sobre guerras, revoluções e contradições

Estamos em setembro. O calendário já parece curto. O tempo voa ao ritmo do bom e velho Minuano. Esta entidade da natureza tipicamente gaudéria. É o mês da pátria. Mês da independência. E claro, da semana Farroupilha. O dia 20 de setembro está próximo, mais uma vez. Para celebrarmos esta data histórica tão importante na vida de nós gaúchos. Tempo de alçar bandeiras, de estufar o peito e bradar aos quatro cantos do mundo o orgulho de ser brasileiro e gaúcho! Mas cuidado. Não nos esqueçamos disto nos outros 364 dias restantes. Nunca é demais lembrar, afinal de contas, há os vícios de memória... O fato é que não vivemos apenas de glórias. Esses dias ecoam através dos tempos. Perpetuam-se por si só. Mas sem os dias restantes, em que se seguem o cultivo das sementes, não chegamos aos frutos. Toda a coroação também tem o seu preço. Todo fruto tem o seu sabor; amargo, azedo, doce, agridoce. E muito depende do terreno onde se planta.
Uma vez mexendo no terreno fértil da memória, não poderia deixar de mencionar o fatídico 11 de setembro. Data esta que já está inscrita em nossa geografia psíquica. Pois neste último domingo, completaram-se 10 anos do ataque terrorista ao imponente World Trade Center nos EUA, o qual culminou na queda das Torres Gêmeas e, consequentemente, na perda de centenas de vidas. Para alguns, uma surpresa ; catástrofe inominável. Para outros, um amargo desfecho de uma sucessão de fatos. Mas questões e opiniões políticas à parte, nada justifica tamanha brutalidade. E isso tudo em nome de que? Poder? Política? Religião? Uma luta sangrenta e sem sentido por um único Deus. A procura pela redenção se transfigura na origem do mal. E assim segue o pêndulo da vida, oscilando entre a dor e a revolta, entre o orgulho e a glória. As guerras, as revoluções, atentados terroristas, amparados sob os mais variados motivos. Pretextos convincentes. Mérito daqueles que os vendem como produtos naturais de conflitos de interesses exclusos. Vivemos em tempos de revolução. As capas de revistas e jornais são uma vitrine de assuntos bombásticos; com o perdão da redundância. Mais recentemente, tivemos movimentos libertários nas nações muçulmanas, começando pela Tunísia. Depois, estendendo-se a  locais como Egito e Líbia. As batalhas nunca cessam. Garantia de assunto para os livros de história.
Mas há outras revoluções mais silenciosas e, talvez por isto, nem tão lembradas; ou será que não seriam tão importantes? São aquelas revoluções que não mobilizam grandes massas; onde não há tiros e nem sague; a liberdade não está ameaçada. Porém, nos ferem de outras formas, e sem percebermos de imediato. Afinal de contas, quantas passeatas, quantos protestos não vemos no dia-a-dia ao andar pela cidade? Centrais sindicais, movimentos pelos direitos da mulheres, contra a corrupção na política, pela liberdade de expressão dos homossexuais, ONGs, enfim; uma gama de batalhas. Todas revoluções municiadas apenas de palavras e de uma boa dose de idealismo. E nem por isto, são menos eficazes e menos importantes do que as outras. Talvez, se fôssemos mais capazes de resolvermos estas questões do cotidiano, pudéssemos evitar repercussões maiores e mais danosas. E falando em termos de Brasil, uma das grandes revoluções que nos deparamos é a da educação. Talvez, uma das necessidades mais básicas enquanto sociedade. Enquanto um país que almeja uma condição de respeito entre as demais nações.
Esta semana foi divulgada uma lista de desempenho das escolas no último ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), o qual tem fornecido vagas em cursos superiores de várias universidades do país. No resultado, uma notícia surpreendente; mas muito positiva: Entre as dez melhores escolas, duas delas são do estado do Piauí. Ora, justamente um estado que localiza-se em uma região historicamente despossuída de maiores recursos e investimentos por parte da união. Um excelente exemplo de dedicação, entrega e superação. Uma guerra quase que ideal, onde há apenas vitoriosos. Mas feita de guerreiros vivendo no anonimato. Heróis de nomes simples em meio à multidão. Cidadãos comuns, como eu e você. 

domingo, 4 de setembro de 2011

A epidemia silenciosa


Sempre fui daquelas pessoas que acham alguns clichês até interessantes, pelo fato de que eles nunca saem de moda. Estão sempre na vitrine. É como aquele sapato velho, mas que ainda é confortável; ou como aquela roupa que é herdada através das gerações. Mas o que há em comum entre eles? São antigos, ultrapassados, mas ainda possuem um valor inegável; são úteis de alguma forma. E só para ilustrar, aqui vai um dos meus clichês favoritos, que diz assim: “Há males que vem para o bem”. E este eu uso com bastante frequência, para o deleite do meu lado convencional. Mas há outro que acho que casa perfeitamente bem com este, e que diz assim: “O pior cego é aquele que não quer ver”. Porém, assuntos arqueológicos à parte, o meu intento também não é montar uma linha do tempo de ditos populares.
Antes disso, o norte da minha bússola aponta para um perigo silencioso. Uma epidemia que se dissemina de forma muito sutil. E dizem os rumores que uma das principais sequelas pode ser a falta de crítica. Mas e qual o nome deste vilão? É o vírus da falta de consciência. Altamente contagioso e se manifestando de diversas maneiras, estando em constante mutação. Por ironia do destino, um dos focos de maior incidência é o setor da saúde. E com um alto poder de alcance, abarca desde as esferas municipais até a federal. Assim como em todas as patologias apresenta alguns sintomas característicos, entre os quais destacamos a burocratização, a institucionalização, a falta de assistência, e o mais grave de todos; o descaso. O ponto positivo é que o prognóstico pode vir a ser favorável, caso algumas medidas sejam adotadas. Podemos destacar: uma jornada de trabalho compatível com as atribuições e vencimentos, além de mais investimentos em infraestrutura e treinamento. Como prevenção sugere-se a prática da humanidade, de forma irrestrita. Respeito, consideração e boa vontade. A matéria prima para a fabricação do antídoto. Mas diante do meu estado levemente febril, depois do contato com este vírus, é que percebi que este desconforto me fez enxergar a dimensão do problema. O pior de tudo é que ainda há gente que acha que tem imunidade suficiente para tudo, ou seja, que não tem absolutamente nada a ver com isto. O laboratório que fabrica a vacina chama-se SUS, o qual tem como principais fármacos patenteados a humanização, a integralidade, a igualdade e a universalidade. São velhos conhecidos tanto dos senhores feudais quanto dos vassalos do reino da saúde. E hoje, quem sabe, até uma terra de ninguém.
Mas e o que isto tem a ver com sapatos e roupas velhas? Em ambos os casos há recursos que podem ou não ser aproveitados. Tudo depende da forma como vemos a situação. Depende da disposição em aprender ou não com os erros, ou simplesmente continuar agindo da mesma forma e esperando resultados diferentes. Eis então que retornamos às parábolas acima. Mas e se você estiver se perguntando: “Mas e o vírus, o que fazer para dissipá-lo?” A resposta é simples: Faça a sua parte. Não tente ignorar uma vez infectado. Não seja como o pior tipo de cego. Grite, esbraveje, proteste.