sábado, 23 de julho de 2011

A força que há na fraqueza

Como um apreciador da filosofia oriental, mais especificamente, me remetendo ao Taoísmo, gostaria de compartilhar um trecho de um livro que estou lendo, que diz assim:
“Lembre-se que a energia do Chi flui entre força e fraqueza e nunca permanece sendo uma coisa ou outra – como se fosse um rio entre as duas margens fluindo sobre seixos e à beira das árvores, em fluxo constante. Isto reflete a vida, pois somos fracos e vulneráveis, sofremos de verdade e, mais cedo ou mais tarde morreremos. A verdade está nos fatos. Esconder a verdade querendo ser sempre forte e invencível é apenas um modo de enfatizar o oposto da força e da invencibilidade. Aprenda quem você é e fique contente com isso. Todo o resto é consequência.” (Dunn, 2003)
Este fragmento fala a respeito de estados opostos, a saber; poder e vulnerabilidade, ou ainda, força e fraqueza. Dois estados distintos, porém, complementares, e que estão constantemente presentes na vida de qualquer pessoa. Ademais, creio que isto exemplifica bem a idéia de que a vida é uma sucessão; de fatos, experiências, aprendizados; ou seja, um contínuo. A vida em si implica movimento. Julgar se foi retrógrado, ou se houve progresso, depende da nossa consciência sobre aquilo o que acontece. O problema é que, de modo geral, passamos boa parte de nossas vidas sem percebermos o quanto podemos ser fortes. Como se nosso potencial permanecesse estancado. Em realidade, nós desejamos a todo o instante demonstrar isto, nos colocando e aos outros sob prova. Mas não percebemos que ao enfatizar apenas a força, o poder, estamos desprezando as nossas fraquezas e vulnerabilidades que, por sinal, fazem parte da essência de cada um. Dessa maneira, estamos negando veementemente algo que faz parte de nós, e quanto mais o negamos, mais sofremos. É um circulo vicioso. Isto é realmente crescimento? Talvez, pudéssemos dizer que é uma tentativa. Contudo, de forma ilusória, pautada pelo auto-engano.
Mas como ser frágil, demonstrar e admitir fraqueza, em um mundo que valoriza somente conquistas, ganhos, poder, influência, e tem verdadeiro repúdio a uma condição humana tão fundamental? O fato é que uma das grandes virtudes se perde no meio desta fumaça. Nossa visão, muitas vezes, turva, não nos permite perceber que é necessário muita coragem para assumir e lidar com as suas fraquezas. É justamente quando você assume a responsabilidade por si mesmo, exercitando a auto-aceitação, que lhe será possível mudar. Você precisa ousar conhecer-se. Confrontar a si, e não aos outros. A partir daí, poderá descobrir a imensa força de que dispõe. Entre outras palavras, o verdadeiro poder é dominar a si mesmo. É do conhecimento da fraqueza que emerge a força. Neste sentido, podemos aproximar o Taoísmo da Psicoterapia, pois ambos visam o auto-conhecimento, a auto-aceitação e a conquista do poder pessoal, que é o que nos possibilita a mudança real.   

 Fonte: (A Arte da Paz, equilíbrio e conflito em A Arte da Guerra de Sun-tzu. Traduzido do chinês e adaptado por Philip Dunn, Editora Planeta do Brasil, 2003).

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