Como um apreciador da filosofia oriental, mais especificamente, me remetendo ao Taoísmo, gostaria de compartilhar um trecho de um livro que estou lendo, que diz assim:
“Lembre-se que a energia do Chi flui entre força e fraqueza e nunca permanece sendo uma coisa ou outra – como se fosse um rio entre as duas margens fluindo sobre seixos e à beira das árvores, em fluxo constante. Isto reflete a vida, pois somos fracos e vulneráveis, sofremos de verdade e, mais cedo ou mais tarde morreremos. A verdade está nos fatos. Esconder a verdade querendo ser sempre forte e invencível é apenas um modo de enfatizar o oposto da força e da invencibilidade. Aprenda quem você é e fique contente com isso. Todo o resto é consequência.” (Dunn, 2003)
Este fragmento fala a respeito de estados opostos, a saber; poder e vulnerabilidade, ou ainda, força e fraqueza. Dois estados distintos, porém, complementares, e que estão constantemente presentes na vida de qualquer pessoa. Ademais, creio que isto exemplifica bem a idéia de que a vida é uma sucessão; de fatos, experiências, aprendizados; ou seja, um contínuo. A vida em si implica movimento. Julgar se foi retrógrado, ou se houve progresso, depende da nossa consciência sobre aquilo o que acontece. O problema é que, de modo geral, passamos boa parte de nossas vidas sem percebermos o quanto podemos ser fortes. Como se nosso potencial permanecesse estancado. Em realidade, nós desejamos a todo o instante demonstrar isto, nos colocando e aos outros sob prova. Mas não percebemos que ao enfatizar apenas a força, o poder, estamos desprezando as nossas fraquezas e vulnerabilidades que, por sinal, fazem parte da essência de cada um. Dessa maneira, estamos negando veementemente algo que faz parte de nós, e quanto mais o negamos, mais sofremos. É um circulo vicioso. Isto é realmente crescimento? Talvez, pudéssemos dizer que é uma tentativa. Contudo, de forma ilusória, pautada pelo auto-engano.
Mas como ser frágil, demonstrar e admitir fraqueza, em um mundo que valoriza somente conquistas, ganhos, poder, influência, e tem verdadeiro repúdio a uma condição humana tão fundamental? O fato é que uma das grandes virtudes se perde no meio desta fumaça. Nossa visão, muitas vezes, turva, não nos permite perceber que é necessário muita coragem para assumir e lidar com as suas fraquezas. É justamente quando você assume a responsabilidade por si mesmo, exercitando a auto-aceitação, que lhe será possível mudar. Você precisa ousar conhecer-se. Confrontar a si, e não aos outros. A partir daí, poderá descobrir a imensa força de que dispõe. Entre outras palavras, o verdadeiro poder é dominar a si mesmo. É do conhecimento da fraqueza que emerge a força. Neste sentido, podemos aproximar o Taoísmo da Psicoterapia, pois ambos visam o auto-conhecimento, a auto-aceitação e a conquista do poder pessoal, que é o que nos possibilita a mudança real.
Fonte: (A Arte da Paz, equilíbrio e conflito em A Arte da Guerra de Sun-tzu. Traduzido do chinês e adaptado por Philip Dunn, Editora Planeta do Brasil, 2003).
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